domingo, 26 de fevereiro de 2012

ENTRELINHAS

Se as entrelinhas falassem, mas elas apenas sussurram ao estalar de cada palavra.
E devagar vão tecendo histórias fabulosas e enredos miraculosos.
E cada história suspira entreaberta. E uma linha se faz e depois se desfaz.
Canto a canto. De cima para baixo e da esquerda para a direita.
Refazendo assim um novo segredo.
Se as entrelinhas gritassem os mortais sentiriam medo.
A censura ramificada brotaria e iria para cima sugando a luz da verdade.
Perderia o pudor e sairia fumegante. Sem rumo e sem entraves.
E absorveria o mundo. Causaria risos, deboches, clarão.
Envolveria com o que quisesse dizer, mas não diz.
As entrelinhas se encolhem, dormem quietas para alguns e para outros.
E emudecem críticas, saberes, dizeres.
Ficam ocultas, disfarçadas, profundas.
Encravada debaixo de cada palavra que escreve.
E ficam marcadas por coisas não decifradas.
As entrelinhas ficam atrás das cortinas teatrais.
Logo atrás dos bastidores. E envolvem com o silêncio.
Fazem tanto furor. Causam espanto.
Elas comovem. E conhecem qualquer técnica de sedução.
Elas dizem muitas coisas entre uma vibração e outra.
E depois saem de cena. Deixando no ar qualquer resposta.
Devagar elas vão desenrolando como um novelo marrom.
Numa só cor. E depois começam a traçar numa teia multicor.
Enrolam, embaralham, misturam emoções e questionamentos.

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