domingo, 26 de fevereiro de 2012

ENTRELINHAS

Se as entrelinhas falassem, mas elas apenas sussurram ao estalar de cada palavra.
E devagar vão tecendo histórias fabulosas e enredos miraculosos.
E cada história suspira entreaberta. E uma linha se faz e depois se desfaz.
Canto a canto. De cima para baixo e da esquerda para a direita.
Refazendo assim um novo segredo.
Se as entrelinhas gritassem os mortais sentiriam medo.
A censura ramificada brotaria e iria para cima sugando a luz da verdade.
Perderia o pudor e sairia fumegante. Sem rumo e sem entraves.
E absorveria o mundo. Causaria risos, deboches, clarão.
Envolveria com o que quisesse dizer, mas não diz.
As entrelinhas se encolhem, dormem quietas para alguns e para outros.
E emudecem críticas, saberes, dizeres.
Ficam ocultas, disfarçadas, profundas.
Encravada debaixo de cada palavra que escreve.
E ficam marcadas por coisas não decifradas.
As entrelinhas ficam atrás das cortinas teatrais.
Logo atrás dos bastidores. E envolvem com o silêncio.
Fazem tanto furor. Causam espanto.
Elas comovem. E conhecem qualquer técnica de sedução.
Elas dizem muitas coisas entre uma vibração e outra.
E depois saem de cena. Deixando no ar qualquer resposta.
Devagar elas vão desenrolando como um novelo marrom.
Numa só cor. E depois começam a traçar numa teia multicor.
Enrolam, embaralham, misturam emoções e questionamentos.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

ASAS

Estou me redescobrindo, me redesenhando na folha de papel enquanto escrevo.
Traço novos caminhos sem medo dos desafios que vão crescendo devagar.
E me reencontro no meio da aventura de viver.
Já não sou somente poesia. Sou terra firme embaixo do sol e da chuva.
Não perdi em mim a menina, mas sou uma mulher forte.
Não perdi a inocência, mas estou mais firme diante dos propósitos.
Estou avançando pela vida. Encontrando-me na flor, no passarinho, na nuvem.
Sou o pássaro que atravessa os prédios sem medo de bater nas paredes.
E ainda sou o aço que esquenta e se transforma numa escultura.
Sou a energia intensa que vibra e mistura no universo.
E ainda a flor que desabrocha silenciosa na haste verde.
Não tenho medo de mim. Nem de quem eu fui e nem de quem eu sou.
Fiz coisas maravilhosas ontem e hoje continuo fazendo porque a vida não é medíocre.
Estou aqui para ser parte de tudo. Faço parte de tudo. Sou o que eu quis ser.
Constituo o todo para o meu bem e para o bem de todos.
No espelho me olho e me encontro no olhar.
Não me vejo externamente apenas. Descubro meu subconsciente.
E me vejo completa, intensa, linda. Porque nasci para ser o melhor de mim.
E assim sou. Sou o melhor que sempre pude ser porque sempre quis ser assim.
Ser na simplicidade a verdade. Ser o amor que transborda com toda a complexidade.
Ser a força do mar enfurecida. Ser o tornado que esmaga o que encontrar.
Estou me redescobrindo, me esculpindo com a mesma energia que vibra no universo.
E assim vou buscando soluções novas para os desafios que estão no caminho.
E vou seguindo o caminho com entusiasmo, equilíbrio, harmonia e prosperidade.
E vou aprendendo amar quem eu sou e também as outras pessoas que encontro.
Vou me reencontrando, redescobrindo, despertando para ser melhor do que fui.