sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

O RETRATO

Algumas vezes devemos parar.
Devemos fazer uma pausa para refletir.
Por que tantas mortes por causa das chuvas?
Por que tantas mortes por causa das secas?
Por que tantas mortes por causa do frio?
Por que tantas mortes por causa do calor?
Por que tantas mortes por causa da miséria?
Por que tantas mortes por causa da violência?
Os governos lucram com suas festas e atrações turísticas.
Os governos lucram com variedades de plantações.
Os governos lucram com as pedras preciosas.
Os governos lucram com ouro e petróleo.
Os governos lucram com as pessoas.
Pessoas que estão atrás dos cartões postais.
Pessoas que são expostas, que correm riscos.
Pessoas que plantam. Pessoas que dançam.
Pessoas que ilustram as telas da televisão nas eleições.
Pessoas que retratam a fome, o desemprego, o abandono.
Por que as mortes continuam?
Por que as mesmas pessoas? As mesmas cenas?
Sempre ouvimos falar de projetos fantásticos.
Até quando vamos ouvir falar de combate?
De combate a fome? De combate a miséria?
De combate a corrupção? De combate ao desemprego?
De combate as drogas? Combate à violência?
De combate a qualquer coisa?
Está mais do que na hora de parar de combater.
Está mais do que na hora de parar de remediar.
Pensando assim podemos mudar o rumo das imagens.
Quem é parte de um cartão postal não pode morrer nas enchentes.
É crueldade demais ver gente continuar morrendo.
Pagamos impostos sobre tudo e ainda tem gente morrendo.
Ser solidário é um gesto de humanidade, mas os líderes precisam acordar.
Solidários nós somos, mas não ignorantes. Pagamos muitos impostos.
E até quando pessoas precisarão morrer?
Até quando pessoas precisarão ser sacrificadas?
Até quando será exibido o retrato da fome?
O retrato da dor? Do desemprego? Da falta de moradia?
Até quando vamos pagar para ver gente morrendo com dengue?
Gente morrendo por causa do câncer? Da AIDS?
Gente morrendo pela falta de informação e cuidados?
Até quando vamos pagar para que a Constituição continue no papel?
Até quando vamos suportar uma EDUCAÇÃO falha?
Uma ASSISTÊNCIA SOCIAL que não garante condições dignas de vida?
Uma SAÚDE precária? Uma HABITAÇÃO decadente.
Algumas vezes precisamos ter a humildade de parar.
Parar nossa vida agitada. Parar no meio dos esforços que fazemos pela sobrevivência.
Parar para refletir sobre os nossos direitos e deveres como cidadãos e seres humanos.
Porque nesta corrida estamos quase todos muito perdidos.